AAUAL

A AAUAL vem por este meio mostrar o seu esclarecimento e a sua visão a algumas palavras que o ministro que tutela o ensino superior Mariano Gago teceu e escreveu em relação a praxe académica.

As palavras ‘praxe’ e ‘tradição’ não existem no dicionário e deviam ser abolidas. A AAUAL acredita que o aviso de Gago é fundamental tendo em conta o que se passa no resto do país, mas que na UAL em concreto é um exemplo do que é praxe e tradição. Numa mensagem enviada aos responsáveis máximos das Universidades públicas e privadas e Politécnicos, o ministro frisa que "a tolerância de muitos tem-se tornado cúmplice de situações sempre inaceitáveis" com danos físicos e psicológicos.

Mariano Gago repudia as "práticas de humilhação e de agressão física e psicológica" com carácter "fascista e boçal" infligidas aos caloiros no ensino superior, "identificadas ou desculpadas como 'praxes' académicas". Certo estamos que abusos nunca serão tolerados que os direitos de um aluno são so direitos de qualquer cidadão português e que na Universidade Autónoma de Lisboa foram e serão sempre respeitados. A AAUAL enquanto associação de estudantes, tem a seu cargo entre outras responsabilidades promover uma verdadeira integração na comunidade académica e recusar acolhimento ou apoios a acções que põem objectivamente em causa a liberdade e a dignidade humana. Repudiamos as práticas de humilhação e de agressão física e psicológica com carácter fascista e boçal infligidas aos caloiros no ensino superior identificadas ou desculpadas como praxes académicas. A AAUAL e a minha pessoa enquanto dirigente associativo e presidente da direcção da Associação de estudantes da Universidade Autónoma de Lisboa não pretendo mostrar que a UAL é a melhor universidade ou a pior Universidade , pretendo sim salientar que a UAL é de facto uma universidade diferente e que é preciso viver o espírito Ualense para entender o mesmo. A questão da praxe há muito que é falada e não é alheia às associações de estudantes, basta lembrar que, no encontro nacional de direcções associativas, um dos plenários foi sobre esta temática. Chegámos à conclusão que as praxes são efectivamente um meio de inclusão. Existe e existirão sempre excessos que são cometidos, como são cometidos na nossa vida. As associações de estudantes inserem-se aqui como um órgão que, não pertencendo directamente às praxes estarão sempre ao lado dos estudantes e sempre que existir alguma questão que ponha em causa a sua integridade física ou psíquica, nós agiremos em conformidade, de acordo com o que diz o senhor ministro. Mas o senhor ministro até já vem um pouco atrasado porque nós estudantes, há muito tempo que estamos constantemente a apontar estas questões que se vão afirmando no dia-a-dia. Face a alguns exageros que se cometeram, é normal que tome algumas posições. Penso que esta posição do ministro é manifestamente exagerada, até porque as associações de estudantes têm tido sempre uma atitude activa falo no caso concreto da AAUAL mas gostaria de deixar um repto ao Ministro da tutela que em vez de se estar a preocupar com questões que, contribuem, por vezes, para a não continuidade dos estudantes no ensino superior, está a preocupar-se com a problemática das praxes? Senhor ministro e a acção social o apoio estudantil a discrepância do ensino privado para o publico onde notoriamente somos prejudicados e damos mais e melhores cartas no mercado de trabalho, porque não foca as suas energias na problemática do ensino superior em vez de recados á lá “messieur la palice “ . As administrações escolares as reitorias e as direcções das instituições que leccionam cursos no ensino superior tem os seus métodos de controlar e sobretudo e fiscalizar as Praxes académicas pelo menos é o que se passa na UAL onde colaboramos e elaboramos todo um trabalho de cmapo com todas as instituições da casa na perfeita óptica de tudo ser em prol dos alunos e não anti alunos. Mas será sempre noticia o homem que mordeu o cão e não o cão que mordeu o homem e neste campo este assunto não foge a regra.

Na UAL todos os caloiros presentes nas praxes afirmaram gostar do ambiente, das brincadeiras, dos veteranos... Até das suas próprias figuras com as pinturas aquando dos desfiles pela cidade .É com este ambiente, que se registou durante as praxes dos caloiros da UAL , que se deveriam reger todas as praxes. Independentemente dos gostos, das brincadeiras, das escolas, do número de matrículas dos veteranos, das sensibilidades de cada um, o respeito deve ser mútuo. O caloiro deve respeitar o veterano, da mesma forma que o veterano deve respeitar o caloiro. O conceito de universidade (ou "universitas") implica, até por razões etimológicas, a ideia do global, universal, do todo. Esta análise pode, e deve, ser feita não só unicamente ao nível do conhecimento e saber mas ao nível das pessoas. Por mais que doa a muito boa gente (que sabe-se lá por quê não gostam da palavra) a Universidade sempre foi (ou tentou ser) um local de excelência e prestígio, um local de formação de uma elite. Esse facto implica (ou mais correctamente, implicou) uma entrada num meio estranho por parte das pessoas que, vindas de fora da Universidade, nela entravam como alunos. A integração em qualquer meio que nos é estranho ou novo é acompanhado, na maior parte dos casos, por uma necessidade psíquica e emocional de integração num grupo ou de criação de um grupo (grupo de amigos, colegas). A praxe académica terá surgido um bocado em virtude disto mesmo, da integração de novos elementos (caloiros) no meio académico. Esta integração passa, neste caso e visto ser a integração num meio muito específico e até à pouco tempo fechado, por rituais iniciáticos mais ou menos formais e evidentes, sendo a praxe um deles. A praxe pode ser vista então, ainda que com algum exagero, como um conjunto de regras e tradições SOCIAIS que visa a regência de uma "sociedade" (academia) e dos seus membros integrantes. A mensagem que eu quero aqui tentar passar senhor ministro caros associados colegas amigos e alunos do ensino superior em geral é a de que a praxe É integração na faculdade visto a faculdade ser (ou se calhar devesse ser) algo mais do que uma "linha de montagem" de conhecimento ou um edifício, mas antes uma sociedade ou para-sociedade. Acho que é óbvio e evidente que a aderência à praxe não é obrigatório nem pode ser coagida e que tal, salvo raras excepções, não acontece. Portanto, vamos a esquecer os chavões e reflectir inteligentemente sobre o assunto.

O presidente da direcção da associação de estudantes da Universidade Autónoma de Lisboa

Nuno Nabais

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